quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Mito Orfeu vs Eurídice
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Amo-te a cada instante
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Leonard Cohen -10.09-10
Podendo ser a despedida definitiva de Leonard Cohen dos palcos portugueses, o concerto no Pavilh�o Atl�ntico foi uma visita � sua longa carreira como cantor mas tamb�m como romancista, poeta, compositor, marido, pai e homem. Um concerto que soube tocar o �mago dos sentimentos e explor�-los de forma eloquente e perspicaz.
Por natureza, por carreira, por outro motivo n�o determinado, a voz misteriosa de Leonard Cohen � admirada, compreendida e vivida ano ap�s ano, sem cansar como se de um profeta se tratasse. Este concerto, o terceiro no mesmo n�mero de anos, foi constitu�do por duas partes m�gicas, mas distintas, e tr�s encores.
A primeira parte do concerto foi mais est�tica e melanc�lica. Leonard Cohen, ainda de poucos sorrisos, fez-nos meditar, lembrando os seus tempos de Budista. �Who By Fire� surpreendeu com um incr�vel instrumental de Javier Mas, dono de uma guitarra de doze cordas, e de uma mestria na utiliza��o da mesma, arrepios e emo��o que transpirava! Destaque ainda para �Chelsea Hotel� num arranjo bem desenhado, tornando o tema mais belo que o original. Leonard Cohen, senhor em todos os sentidos, tirava o chap�u no final de cada musical em agradecimento aos aplausos. No final da primeira metade do espect�culo, Cohen apresentou prolongadamente todos os m�sicos e f�-lo com imensa devo��o e admira��o fazendo recordar E�a de Queir�s na sua t�o c�lebre descri��o do pal�cio Ramalhete n`�Os Maias�.
Depois de um intervalo, uma segunda parte, mais din�mica e festiva, na qual foram interpretados os maiores sucessos de um Cohen agora sorridente. �Hallelujah� e �I`m your Man�, como esperado, foram recebidos em apoteose. Contudo, o tema �Boogie Street� destacou-se dos restantes, cantado pelas vozes sensuais e doces de Sharon Robinson e as sublimes Webb Sisters, um coro irrepreens�vel, com Cohen a cantar como segunda voz. Em Cohen, a paz perdura, subsiste ao tumulto das massas e tranquiliza-as. Dem�nios da juventude s�o aglutinados pela profundeza majestosa da sua voz, r� de uma sabedoria buc�lica.
Os encores ser�o recordados pelos solos de Roscoe Beck, director musical da banda e baixista, o �pastor� da precis�o Rafael Gayol, na bateria e percuss�o e ainda Neil Larson no fant�stico teclado Hammond B3. Incompreendida a permanente e cont�nua entrada e sa�da de pessoas no Pavilh�o Atl�ntico, reflexo talvez do h�bito de concertos muito mais curtos.
Quase quatro horas de concerto, composto por um equil�brio quase perfeito entre temas melanc�licos e prazenteiros, pautados por discursos imponentes e arrepiantes e alimentados, por uma banda que se nota escolhida a dedo e uma equipa de som que est� de parab�ns. J� h� muito tempo que o Pavilh�o Atl�ntico n�o se fazia ouvir t�o bem. Se o concerto podia ser melhor? N�o, n�o podia! Normal em concertos deste m�sico que sussurra, h� cerca de 40 anos, aos nossos ouvidos; �I`m Your man� com um esp�rito que revela ainda muito amor para dan�ar, como diz: �Dance Me to the End of Love�.
Leonard Cohen -10.09-10
Concertos que acabam com ovações de pé há muitos. Já concertos que começam assim, não se veem tantos. Mas foi isso mesmo que aconteceu ontem à noite quando, depois da entrada dos músicos em palco, recebidos com aplausos educados, a plateia do Pavilhão Atlântico rejubilou com a terceira "aparição" em três anos de Leonard Cohen em Portugal. Cohen, não é demais recordá-lo, completa 76 anos ainda este mês, mas provou ser capaz de resistir a três horas de "jogo jogado" - o concerto começou às 21h15 e acabou perto da 01h00, com um intervalo de cerca de 20 minutos pelo meio. Mais de 40 anos após o primeiro disco - Songs of Leonard Cohen , de 1967 - o canadiano atraiu à maior sala de Lisboa um público diverso: distribuídos por bancadas e plateia sentada contavam-se não só os mais finos trajes e penteados, como alguns orgulhosos detentores de visuais indie, góticos ou metaleiros (não esquecer que é de Leonard Cohen a canção "Sisters of Mercy"), numa multidão cujas idades, a olho nu, diríamos quedar-se entre os 30 e os 60 anos.
Aos 76 anos, dizíamos, o criador de "Hallelujah" não tem dificuldade em ajoelhar-se durante várias canções nem em protagonizar saltitantes regressos ao palco, entre encores ou após momentos entregues às suas três belíssimas cantoras de apoio (Sharon Robinson, que já compôs e gravou com Cohen, e as maviosas Webb Sisters, donas igualmente de uma carreira autónoma e que, na reta final do concerto, acompanharam "If It Be Your Will", colheita Cohen de 1979, com harpa e guitarra). Mas, num primeiro embate, é a voz, e não a agilidade física ou o sorriso matreiro, que impressiona em Leonard Cohen. Na sua oitava década de vida, a voz de "Bird on a Wire" reveste-se de uma solenidade e gravidade a fazer lembrar as rugas e gravilha dos derradeiros anos de Johnny Cash. O seu barítono rastejante começa por servir "Dance Me To The End of Love" ("Já me estou a arrepiar", avisou uma espetadora atrás de nós), que desde logo serviu de apresentação aos arranjos que estas canções envergam em 2010. Porventura graças à presença na banda do espanhol Javier Mas, alguns dos temas soaram vagamente mais mediterrânicos (a Mas cabe tocar bandúrria, instrumento da família do bandolim, e guitarra de 12 cordas). A "pedal steel" de Bob Metzger encarregou-se de instalar a a folk no coração do espetáculo, ao passo que o saxofone de Dino Soldo nem sempre soou suficientemente distante de uns anos 80 menos subtis, e os teclados de Neils Larsen pintalgaram o conjunto com garrida tinta soul/gospel. Estas foram as linguagens mais faladas na primeira parte do concerto, uma viagem serena com pontos altos em "Ain't No Cure For Love", "Bird on a Wire", "Everybody Knows", "Chelsea Hotel #2" ou "Anthem", entregue à segura e aplaudida Sharon Robinson.
Trajando, como habitualmente, fato escuro e chapéu, Cohen pareceu, ao longo da primeira parte, mais convincente quanto mais próximo da sua imagem de "cavalheiro das trevas", envolto num certo ascetismo evidente em "Everybody Knows" ou "Who By Fire". Esta ideia saiu reforçada com a segunda metade do espetáculo, cujo poderoso trio de abertura passou por "Tower of Song" - misteriosa, a flutuar entre os sintetizadores manuseados pelo próprio Cohen - "Suzanne" e "Sisters of Mercy". Por muitos e merecidos elogios que o artista tenha tecido aos seus músicos, vê-lo cantar qualquer uma destas músicas praticamente sozinho, ou com a banda em estado dormente, é ficar com a impressão de que Cohen, a sua voz e a sua aura seriam suficientes para encher e maravilhar o Pavilhão Atlântico. Mesmo que esqueçamos tudo o que sabemos sobre a sua aplicada estada num mosteiro zen, a verdade é que, do rigor com que, muitas vezes de olhos fechados, se atira a cada sílaba e balbucia cada palavra emana uma quase religiosidade que hipnotiza os presentes.
Depois, claro, há os clássicos que Leonard Cohen ofereceu ao mundo e o mundo agradeceu, absorveu e retribuiu ontem à noite - de "Hallelujah", uma das canções com mais versões no planeta e que no Atlântico bateu o recorde de telemóveis acesos na plateia, a "I'm Your Man", com o nosso homem a tirar marotamente o chapéu (um de muitos truques simples mas de eficácia garantida), passando por "So Long, Marianne" (a loucura e a celebração possíveis, com o público já de pé) e "Famous Blue Raincoat", com a fatal assinatura sussurrada ("Sincerely, Leonard Cohen") a arrebatar corações numa noite de quentes afetos. À beira destes pequenos grandes êxtases, nos quais se contam ainda os sorrisos trocados por ídolo e fãs em "First We Take Manhattan", a despedida ao som de "I Tried To Leave You" e "Heart With No Companion" acabou por servir mais para acalmar do que para exaltar os ânimos. Ao mesmo tempo, ficou provado o que já suspeitávamos: esta pode ter sido a terceira "volta de honra" de Leonard Cohen em Portugal, mas ninguém como este cavalheiro para colher os louros com tanta elegância e dignidade.
LEONARD COHEN NO PAVILHÃO ATLÂNTICO, 10 DE SETEMBRO DE 2010 - ALINHAMENTO
1. Dance Me To The End of Love
2. The Future
3. Ain't No Cure For Love
4. Bird on a Wire
5. Everybody Knows
6. In My Secret Life
7. Who By Fire
8. The Darkness
9. Born In Chains
10. Chelsea Hotel #2
11. Waiting For The Miracle
12. Anthem
(segunda parte)
13. Tower of Song
14. Suzanne
15. Sisters of Mercy
16. The Gypsy Wife
17. Feels So Good
18. The Partisan
19. Boogie Street
20. Hallelujah
21. I'm Your Man
22. Take This Waltz
Encores
23. So Long, Marianne
24. First We Take Manhattan
25. Famous Blue Raincoat
26. If It Be Your Will
27. Closing Time
28. I Tried To Leave You
29. Heart With No Companion
Texto de Lia Pereira
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Recados
segundo.
Não aquelas coisas que não se dizem porque a pessoa não tem nada a
ver com isso , com essas posso eu bem , até porque geralmente é
informação a mais.
O que me aborrece são aquelas coisas que me omitem porque acham que eu
vou ficar chateada - o que geralmente acontece !
Mas ainda assim, não tão chateada como quando descubro. Porque aí,
além de me irritar e de ser o suficiente para desligar telefones,
perco a confiança na pessoa.
E a confiança-essa- está no meu top 3 de coisas que eu gosto.
Gostava que a minha capacidade de entendimento não fosse subestimada.
Porque a vida existia antes de mim, e continuará depois de eu me ir.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
não posso adormecer a meio da minha vida
excerto de ""no coração desta terra" J.M.COETZEE
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
o valioso tempo dos homens maduros , Mário de Andrade
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar
da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
momentos
Detesto compras - ainda que fique toda pipi de sapato vermelho - e por isso o momento mesmo alto da tarde foi no comboio, quando por acaso me sento em frente a um casal muito bonito, que me proporcionou um dos momentos mais ternurentos que já assisti. - Porquê?
Por causa das mãos dadas, por causa dos olhares, dos sorrisos que trocaram - ele mais - por causa de serem tão diferentes um do outro e de se estarem literalmente a marimbar para isso! Eram um casal estranho até peculiar, mas profundamente belo em toda a sua essência, uma coisa inexplicável.
( por questões de privacidade retalhei a foto )
Hoje lembrei-me que o amor é uma coisa bonita, e isso faz-me sempre bem.Também quero.
domingo, 22 de agosto de 2010
as mulheres
As mulheres são superiores? Certo, dizem grandes escritores da nossa praça. As mulheres são melhores? Certo, dizem-me as outras mulheres que me rodeiam e me educam, nesta coisa a que gostámos afectuosamente de chamar vida.
Mas somos superiores e melhores em quê, mais concretamente?! Na dor? - pergunto eu, que não percebo nada disto. No espírito de sofrimento? - pergunto eu, que estou confusa. Na forma como planeámos o dia, o que fazer ao jantar, nas listas de supermercado, nos horários da escola, do ginásio, dos fatos na lavandaria, na compra do pão, na mudança dos lençóis? - pergunto eu, que não uso relógio!
Leio o que escreve o Zink e o Mec ( oh, que familiaridade ) e penso opá, é mesmo isto...estes dois senhores sabem o que dizem, as mulheres são mesmo assim, que grande elogio mas logo de seguida paro e penso que a questão essencial nunca se levanta , ou seja, nós somos superiores e melhores e o que ganhámos com isso?! Somos mais felizes por isso ? - não me parece. Atrevia-me até a dizer, que se lixe a superioridade e essa treta que somos muito queridas e resolvemos tudo e que a casa não funciona sem o nosso toque de orientação, ou que o marido vai com a gravata torta para o emprego. As mulheres têm dias , e hoje não é o meu.
foto de Lionel Gadras
O que sempre soube das mulheres, mas tive à mesma de perguntar, by RUI ZINK
Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers
e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que te tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente, mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos, mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de bondade tornam-se mesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança, mas até a mais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça, mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos - elas quando jogam é para ganhar. E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco.
MEC e as mulheres (crónica de 2009)
Só quando os homens chegam a uma certa idade é que podem dizer com certeza que as mulheres são melhores do que eles em tudo - mesmo na bola, a carregar pianos, a lutar com jacarés ou nas outras coisas em que ganhávamos quando éramos mais novos e brutos e fortes. Quando se é adolescente, desconfia-se que elas são melhores. Nos vintes, fica-se com a certeza. Nos trintas, aprende-se a disfarçar. Nos quarentas, ganha-se juízo e desiste-se. Nos cinquentas, começa-se a dar graças a Deus que seja assim. Os homens que discordam são os que não foram capazes de aprender com as mulheres (por exemplo, a serem homenzinhos), por medo ou vaidade ou estupidez. Geralmente as três coisas. Desde pequenino, habituei-me que havia sempre pelo menos uma mulher melhor do que eu. Começou logo com a minha linda e maravilhosa mãe, cuja superioridade - que condescendia, por amor, em esconder de vez em quando - tem vindo a revelar-se cada vez mais. As mulheres são melhores e estão fartas de sabê-lo. Mas, como os gatos, sabem que ganham em esconder a superioridade. Os desgraçados dos cães, tal como os homens, são tão inseguros e sedentos de aprovação que se deixam treinar. Resultado: fartam-se de trabalhar e de fazer figuras tristes, nas casas e nas caças e nos circos. Os gatos, sendo muito mais inteligentes, acrobatas e jeitosos, sabem muito bem que o exibicionismo vão leva à escravatura vil. Isto não é conversa de engate. É até um tira-tesões. Mas é a verdade. E é bonito.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Woody
Reconheçamo-lo , foi sempre muito mais brilhante do que eu - mais espirituoso,mais culto,mais bem educado. A razão por que continua a trabalhar nas Hamburguerias McDonald continua a ser um mistério. "
Sem penas