quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

2007

Não sou pessoa de fazer balanços,tenho por hábito nunca olhar para trás.Nunca penso no que aconteceu depois de ter acontecido.Acredito que tudo o que acontece,acontece por uma razão - e se já é passado - não posso anular ou fazer de forma diferente algo que não funcionou como era suposto.

Do passado fico com a experiência,com os ensinamentos enraizados na minha essência,com as mágoas guardadas num sítio qualquer do meu subconsciente e com a felicidade passada sempre presente.

No momento presente - todavia - penso no futuro. Com a certeza que 2007 vai ser um ano de mudanças na minha vida. A empresa onde trabalho fez a abertura de alguns telejornais e anunciou o encerramento de mais uma fábrica de componentes para automóveis em Portugal.

A empresa que me viu crescer como pessoa,que me formou como profissional,a única empresa onde trabalhei em toda a minha vida ,a empresa que fica a dez minutos de minha casa e que me possibilita almoçar todos os dias nos meus pais vai fechar.A empresa que apostou em mim desde 1989 - tinha eu 18 anos - e ela estava a dar os primeiros passos!

É já com saudade que chego todos os dias de manhã cedo , ligo o computador, vou buscar um café e olho ao redor do gabinete,dos corredores,do hall de entrada,das linhas de produção. Cada bocadinho,recanto é visto como se fosse a última vez ou a primeira. Deve ser isto a que chamam a "morte anunciada". A seguir começo a trabalhar e compete-me (também) a mim ajudar a efectuar a transferência para outra fábrica do grupo desta feita na Polónia...

Custa olhar para 500 e tal pessoas e ver sombras nos rostos de um futuro incerto,algumas despreocupadas planeiam viagens,outras fazem contas á indeminização ( Ora quanto é que dá 2 salários por cada ano de trabalho, quanto é que é? ), outras fazem contas à idade para ver quanto tempo podem ficar no fundo de desemprego (assumindo já que ficam o tempo todo em casa) e outras ainda sonham ainda em montar negócios por conta própria,alguns poucos começam a ir a entrevistas e eu...eu...

Eu...vejo retribuído tudo o que sempre dei á empresa - o amor à camisola até ao último instante, as horas e horas de trabalho depois da hora, as férias mal gozadas muitas vezes,o empenho , dedicação e profissionalismo aliado ao bom conhecimento técnico dos processos financeiros,dos fluxos de toda a empresa, da minha capacidade de trabalho e polivalência - com um convite formal para continuar a fazer parte da empresa, mas num país diferente,numa cidade que adoro, onde já fui feliz :)

E assim passo os primeiros dias de 2007. A viver a minha vida aqui no Porto,com a minha família e amigos mas já cheia de saudade disto tudo,com uma lágrima no canto do olho como se me restasse 3 meses de vida e tivesse que fazer tudo em tão pouco tempo.Com vontade de assistir ao nascer-do-sol na montanha já amanhã.Com o desejo que me aconteça um emprego no país que me faça ficar, com o desejo de descobrir um novo amor que não me deixe ir .E se for, com o desejo que aquela cidade seja tão maravilhosa como eu a recordo, que me acolha e me acarinhe e me deixe amá-la, mas que me devolva aos meus.

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