terça-feira, 30 de janeiro de 2007

pior do que morrer

Há coisas piores do que morrer. Aliás, morrer nem deve custar nada.Morre-se e pronto.

E excluindo  as vezes que voltámos como assombrações ( o que deve ser sempre doloroso,diga-se de passagem) tá-se bem. Acho. Não sei o que é morrer, nem sequer sei o que é estar quase a morrer. Ou melhor, talvez me lembre de qualquer coisa mas muito vagamente (rsss)...uma vez em que me encontrava despida e achei que ía morrer. Tive quase a certeza que fui ao outro lado e vim...Isto tudo num segundo ou mais,não me lembro.Foi a primeira vez :)

Haverá vida para além da morte?Voltaremos como reencarnação?Haverá céu,inferno, purgatório, anjos sem costas,barcas?Não sei, não me interessa.Logo se verá. Logo como quem diz...!

Pior do que morrer, é perder a vida lentamente. É ficar incapacitado. Já não bastando as coisinhas más que nos aparecem sem avisar, que se infiltram nos nossos corpos e mentes e que nos usam e abusam, ainda há pessoas que sistematicamente causam mal a si próprias.

Todos os dias atentam contra a sua vida e - pior - contra a dos outros.

Refiro-me às pessoas que fumam, sabendo o mal que faz. Sim, porque além de causar impotência....( foi o que li num maço de cigarros, juro)  -  o que será o menor dos males - causa ou pode causar uma morte horrível, demorada e sofredora .

As pessoas que agem desta forma são o mais egoístas possíveis, porque quando morrem ou quando algo lhes acontece,provocam sofrimento aos que ficam.Aos que têem que cuidar deles, aos que assistem a uma morte lenta. Aos que se sentem impotentes para fazer seja o que for afim de alterar a sequência de acontecimentos.

A nossa saúde pode estar já tão comprometida sem outros factores. Que podíam - pelos menos esses - serem evitados. A vida é delas,sim senhor. Mas não será também de todos os outros que os rodeiam?Claro que sim.

 

A música deste post tem uma letra a que vale a pena prestar atenção.

Oh where, oh where can my baby be?
The Lord took her away from me.
She's gone to heaven so I've got to be good,
So I can see my baby when I leave this world
.

"Hold me darlin' just a little while"
I held her close I kissed her our last kiss,
I found the love that I knew I had missed.
Well now she's gone, even though I hold her tight,
I lost my love, my life that night.

Leitura alternativa recomendada pelo meu amigo PM ( a propósito do post "homens sérios" )http://www.paralerepensar.com.br/a_jabor_omundotravesti.htm


terça-feira, 23 de janeiro de 2007

homens sérios

Serão os homens sérios uma espécie em extinção, onde os raros exemplares são cuidadosamente preservados pelas mãezinhas nos aconchegos dos lares?Até que apareça uma candidata loura de olhos azuis, com uma pós-graduação em fada-do-lar, com ancas boas para parir e preferencialmente virgem,ingénua e desprovida de qualquer vontade própria.

Onde se conhecem homens sérios? No mesmo sítio onde se apinham os homens futéis?Aqueles desprovidos de qualquer decência que vá além dos seus cinco centimetros de pénis? Como distingui-los? Aos homens.

O papel da mulher é cada vez mais difícil pela simples razão em que a mulher não sabe como se deve comportar. Com a emancipação feminina , a mulher passou de presa a uma “espécie de predador” e os homens não sabem ainda o que pensar . Porque se a mulher toma a iniciativa num relacionamento é porque é atrevida,atiradiça, logo não interessa.Se deseja e permite intimidades num primeiro encontro ou até num segundo é porque a mulher é fácil, logo não interessa. Se a mulher é uma puritana dá muito trabalho, logo não interessa.Se a mulher toma a iniciativa o homem sente-se diminuído nas suas capacidades de macho(?!!),logo não interessa.

As pessoas (sérias) – por serem sérias – têem medo da entrega,de serem magoadas mas principalmente de magoar outros, de apostarem no cavalo errado e daí continuarem a viver as suas vidas com serenidade. Sim, porque essas pessoas não são apressadas,têem tempo e não se precipitam. Deixam-se estar porque acreditam no destino e acreditam que a utopia chamada felicidade que perseguem,existe.Se tivesse pena de alguém teria pena das pessoas sérias!Teria pena de mim! E desejaria encontrar alguém igual, exactamente assim : séria que me fizesse rir.Rir muito.

Como se conhecem homens (sérios)? Onde andam, o que fazem? Isto vem de encontro ao que a minha amiga escreve hoje no http://tudo-no-nada.blogspot.com , onde andam as pessoas...homens, mulheres que sabemos que estão sozinhas, como se encontram? Que medos são esses de interagir com outros da espécie. Desconfio sempre de quem me diz que está bem assim, tipo sozinho em casa parte XXX (30).Não faz sentido as noites solitárias,não somos assim.

Pode haver muitas pessoas com quem queiramos dormir mas há tão poucas,ou nenhuma com quem queirámos acordar e isso é o que nos torna infinitivamente sozinhos.Á espera.

Daquela pessoa que tenha a mesma forma de estar na vida nos seus principios básicos, que se queira comprometer numa relação a dois,que tenha os mesmos objectivos , que esteja na mesma onda.Que queira levar a vida à séria.Enfim...uma pessoa séria.

Existem, eu sei. Somewhere out there. Como os ovnis e os homenzinhos verdes.

Existem, tenho a certeza. Tenho mesmo.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

podcasting

Depois

de

descobrir

o

maravilhoso

mundo

do

Podcast 

não

quero

outra

coisa.

 

Podcasting is delivering audio content to iPods and other portable media players on demand, so that it can be listened to at the user's convenience. The main benefit of podcasting is that listeners can sync content to their media player and take it with them to listen whenever they want to. Because podcasts are typically saved in MP3 format, they can also be listened to on nearly any computer.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

O amor é fodido , by MEC

Há livros que se lêem uma vez apenas, há outros que se repetem. Este do Miguel Esteves Cardoso é um deles. Simplesmente delicioso. De 1994 mas sempre actual :)

A certa altura decidi que mais valia estar sozinho.Nunca na minha vida arranjei tantas namoradas.A Teresa já tinha morrido há dez anos, a minha primeira paixão por ela já tinha mais ou menos passado e parecia-me a ocasião ideal para me isolar do mundo do qual tão demoradamente me tinha fartado.

Porque é que as mulheres não resistem a um homem que quer mesmo estar sozinho,que nem sequer quer estar com os amigos, ou ter amigas só para ir para a cama com elas, sobretudo quando tem uma casa grande?

Não se pode ficar sozinho e bem disposto neste mundo.Para garantir uma solidão minimamente desacompanhada é preciso estar-se triste.

(...)

O meu período <só> foi assim : um corropio. As raparigas entravam por uma porta e saíam por outra no dia seguinte. Só faltava distribuir senhas de supermercado.Raramente se cruzavam,note-se. Cada uma era atendida no seu tempo, com um toque personalizado.Se calhar combinavam entre elas. Capaz disso eram elas – tal era o desrespeito em que me tinham. Só sei que muitas delas eram amigas umas das outras. Sei porque era destas que menos gostava. Foder uma amiga duma amiga é chato, como sair um cromo repetido. (...) Tira um bocado o tesão, esta familariedade.

(...)

Uma vez surpreendi-me tanto como uma delas que me tirou o tesão durante vinte e quatro horas. Era uma professora de liceu, de cabelo curto, daquelas que têm <aventuras> e depois vão bufar tudo para as revistas femininas, descrevendo-nos com displicência - «ele foi apenas um instrumento para me vingar do Alexandre..»; tanto fazia aquele como outro; eu precisava era de perder a cabeça – estão a ver o gênero.

Ela própria pediu-me a meia-foda, que a «tratasse mal».

Confesso que não percebi.Apeteceu-me dizer-lhe «Ó filha, isso levava anos...!» Mas pedi esclarecimentos.

«Mal como ?», intrigado

«Tu sabes...»ofegante, já envergonhada de ter falado, por causa do pequeno intervalo que criei com a minha dúvida.

«Queres que eu te maltrate?»

«Não....trata-me bem» e mais ousada, com aquela cara anos 30 que as mulheres faziam quando queriam passar por malandras «Estás-me a tratar tão bem...»

E logo a seguir : «Mmmm...»

Calei-me e continuei.

Ela repentinamente desesperada, abrandando o passo : «Então?»

E eu, perspicaz, não fosse pôr em perigo a foda : «Queres que eu te chame nomes?»

Ela corou. Juro.

Eu repeti, na voz que se usa com crianças muito novas e que todas as raparigas apreciam nesta ou naquela outra altura das suas vidas :«Minha malandra....tu queres que eu te chame nomes...»

E comecei «Tu és uma desavergonhada...»

E ela, primeiro : «Nao»

E depois, acelerando «Sou! Sou sim! »

Eu : «ordinária»

Ela : « não...não...não »

(...)

(...)

Eu, de cabeça igualmente perdida, incapaz de encontrar mais sinónimos, ou nomes ainda mais reprováveis, limito-me a um simples e pouco significativo : «Puta»

Pára tudo.

Pronto. Já ninguém nesta casa se vai vir.

Ela diz : «isso não »

Eu,verme : «desculpa»

«Não», repete, começando a arranjar a roupa, «Isso é que não»

Está mais composta do que no momento em que meti conversa com ela. Ó sorte.

Comecei a rir.Foi obra santa, porque perdi o tesão todo.

Perguntei-lhe se havia alguma lista que eu pudesse consultar.

Ela : «Detesto as pessoas que abusam...detesto!» Está à procura das cuecas, o que lhe tira alguma credibilidade.

E «vaca»? É permitido vaca ou só porca?

Ela, não sei quê, de dar um dedo e tomarem-lhe logo a mão inteira, ainda não encontrou as cuecas.

Eu acho que a minha casa come cuecas. Chupa-as pelas frestas entre as tábuas, para dar de comer ao caruncho. É uma espécie de negócio.

(...)

Ela veste os jeans sobre o rabo nu.Rabo bom. Pena. Podíamos ter sido amigos. Podíamos ter sido...partenaires!

Sai de minha casa e lembra-se que não tem dinheiro para o taxi.

Bate fortemente.

«Para onde será desta vez?» pergunto eu, arrastando-me para a porta.

É para longíssimo.Dois contos. Toma que é para aprenderes. Ela recebe o dinheiro como se fosse um direito humano.

«Amanhã pago-te»

E eu não resisto a dar uma facadinha também: «Deixa lá...não tem importância»

O amor é fodido, Miguel Esteves Cardoso

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

2007

Não sou pessoa de fazer balanços,tenho por hábito nunca olhar para trás.Nunca penso no que aconteceu depois de ter acontecido.Acredito que tudo o que acontece,acontece por uma razão - e se já é passado - não posso anular ou fazer de forma diferente algo que não funcionou como era suposto.

Do passado fico com a experiência,com os ensinamentos enraizados na minha essência,com as mágoas guardadas num sítio qualquer do meu subconsciente e com a felicidade passada sempre presente.

No momento presente - todavia - penso no futuro. Com a certeza que 2007 vai ser um ano de mudanças na minha vida. A empresa onde trabalho fez a abertura de alguns telejornais e anunciou o encerramento de mais uma fábrica de componentes para automóveis em Portugal.

A empresa que me viu crescer como pessoa,que me formou como profissional,a única empresa onde trabalhei em toda a minha vida ,a empresa que fica a dez minutos de minha casa e que me possibilita almoçar todos os dias nos meus pais vai fechar.A empresa que apostou em mim desde 1989 - tinha eu 18 anos - e ela estava a dar os primeiros passos!

É já com saudade que chego todos os dias de manhã cedo , ligo o computador, vou buscar um café e olho ao redor do gabinete,dos corredores,do hall de entrada,das linhas de produção. Cada bocadinho,recanto é visto como se fosse a última vez ou a primeira. Deve ser isto a que chamam a "morte anunciada". A seguir começo a trabalhar e compete-me (também) a mim ajudar a efectuar a transferência para outra fábrica do grupo desta feita na Polónia...

Custa olhar para 500 e tal pessoas e ver sombras nos rostos de um futuro incerto,algumas despreocupadas planeiam viagens,outras fazem contas á indeminização ( Ora quanto é que dá 2 salários por cada ano de trabalho, quanto é que é? ), outras fazem contas à idade para ver quanto tempo podem ficar no fundo de desemprego (assumindo já que ficam o tempo todo em casa) e outras ainda sonham ainda em montar negócios por conta própria,alguns poucos começam a ir a entrevistas e eu...eu...

Eu...vejo retribuído tudo o que sempre dei á empresa - o amor à camisola até ao último instante, as horas e horas de trabalho depois da hora, as férias mal gozadas muitas vezes,o empenho , dedicação e profissionalismo aliado ao bom conhecimento técnico dos processos financeiros,dos fluxos de toda a empresa, da minha capacidade de trabalho e polivalência - com um convite formal para continuar a fazer parte da empresa, mas num país diferente,numa cidade que adoro, onde já fui feliz :)

E assim passo os primeiros dias de 2007. A viver a minha vida aqui no Porto,com a minha família e amigos mas já cheia de saudade disto tudo,com uma lágrima no canto do olho como se me restasse 3 meses de vida e tivesse que fazer tudo em tão pouco tempo.Com vontade de assistir ao nascer-do-sol na montanha já amanhã.Com o desejo que me aconteça um emprego no país que me faça ficar, com o desejo de descobrir um novo amor que não me deixe ir .E se for, com o desejo que aquela cidade seja tão maravilhosa como eu a recordo, que me acolha e me acarinhe e me deixe amá-la, mas que me devolva aos meus.