quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Mito Orfeu vs Eurídice

Orfeu é, na mitologia grega poeta e músico. Filho da musa Calíope, era o mais talentoso dos músicos. Quando tocava a sua lira, os pássaros paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As árvores curvavam-se para ouvir os sons no vento. Tocava a lira de Apolo pois dizem que Apolo era seu pai.
Orfeu era casado com Eurídice.
Ela era tão bonita que atraiu um homem chamado Aristeu. Quando ela recusou as suas atenções, Aristeu perseguiu-a. Tentando escapar-lhe, ela tropeçou numa serpente que a mordeu e Eurídice morreu.
Orfeu ficou transtornado de tristeza.
Levando a sua lira, foi até o Mundo dos Mortos, para tentar trazê-la de volta. A canção pungente e emocionada de sua lira convenceu o barqueiro, Caronte, a levá-lo vivo pelo Rio Estige. A canção da lira adormeceu Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões; o seu tom carinhoso aliviou os tormentos dos condenados. Finalmente Orfeu chegou ao trono de Hades. O rei dos mortos ficou irritado, ao ver que um vivo tinha entrado no seu domínio, mas a agonia na música de Orfeu comoveu-o,
e ele chorou lágrimas de ferro.
Sua mulher, Perséfone, implorou-lhe que atendesse o pedido de Orfeu. Assim, Hades atendeu o seu desejo: Eurídice poderia voltar com Orfeu ao mundo dos vivos. Mas com uma condição: que ele não olhasse para ela até que ela, de novo, estivesse à luz do sol.
Orfeu partiu pelo caminho íngreme que levava para fora do escuro reino da morte, tocando músicas de alegria e celebração, enquanto caminhava, para guiar a sombra de Eurídice de volta à vida. Ele não olhou nenhuma vez para trás, até atingir a luz do sol. Mas então, virou-se, para se certificar de que Eurídice o estava seguindo. Por um momento ele viu-a, perto da saída do túnel escuro, perto da vida outra vez.
Enquanto ele olhava, ela transformou-se de novo num fino fantasma, soltou um doloroso gemido final de amor e pena, não mais do que um suspiro na brisa, que saía do Mundo dos Mortos. Ele havia-a perdido para sempre. Em total desespero, Orfeu tornou-se amargo.
Recusava-se a olhar para qualquer outra mulher, não querendo lembrar-se da perda da sua amada. Furiosas por terem sido desprezadas, um grupo de mulheres selvagens chamadas Mênades caíram sobre ele, frenéticas, e despedaçaram-no. Jogaram a sua cabeça cortada no Rio Hebrus, e ela flutuou, ainda cantando,
"Eurídice! Eurídice!"
Chorando, as nove musas reuniram os seus pedaços e enterraram-nos no Monte Olimpo. Dizem que, desde então, os rouxinóis das proximidades cantaram mais docemente do que os outros. Orfeu, na morte, uniu-se à sua amada Eurídice. Quanto às Mênades, que tão cruelmente mataram Orfeu, os deuses não lhes concederam a misericórdia da morte. Quando elas bateram os pés na terra, em triunfo, sentiram seus dedos entrarem no solo. Quanto mais tentavam tirá-los, mais profundamente eles se enraizavam. As suas pernas tornaram-se troncos de madeira pesada, e também os seus corpos, até que elas se transformaram em silenciosos carvalhos. Assim permaneceram pelos séculos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de Orfeu, até que, por fim, esses troncos mortos e vazios caíram no chão.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Amo-te a cada instante

Amo-te a cada segundo.
Habitua-te !
A seres amado com toda a força, com todo o ser.
À atenção.
A seres a pessoa mais importante na vida de alguém.
Espera tudo de mim, pede-me tudo. Dá-me tudo.
Amo-te (imensamente) intensamente.
"Os dias do futuro estão em frente a nós, como uma longa fila de círios acesos. [...] Os dias do passado ficam para trás, uma triste fileira de apagados círios."

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Leonard Cohen -10.09-10


Leonard Cohen no Pavilh�o Atl�ntico: O profeta intemporal
Marco Moutinho

Podendo ser a despedida definitiva de Leonard Cohen dos palcos portugueses, o concerto no Pavilh�o Atl�ntico foi uma visita � sua longa carreira como cantor mas tamb�m como romancista, poeta, compositor, marido, pai e homem. Um concerto que soube tocar o �mago dos sentimentos e explor�-los de forma eloquente e perspicaz.
Por natureza, por carreira, por outro motivo n�o determinado, a voz misteriosa de Leonard Cohen � admirada, compreendida e vivida ano ap�s ano, sem cansar como se de um profeta se tratasse. Este concerto, o terceiro no mesmo n�mero de anos, foi constitu�do por duas partes m�gicas, mas distintas, e tr�s encores.
A primeira parte do concerto foi mais est�tica e melanc�lica. Leonard Cohen, ainda de poucos sorrisos, fez-nos meditar, lembrando os seus tempos de Budista. �Who By Fire� surpreendeu com um incr�vel instrumental de Javier Mas, dono de uma guitarra de doze cordas, e de uma mestria na utiliza��o da mesma, arrepios e emo��o que transpirava! Destaque ainda para �Chelsea Hotel� num arranjo bem desenhado, tornando o tema mais belo que o original. Leonard Cohen, senhor em todos os sentidos, tirava o chap�u no final de cada musical em agradecimento aos aplausos. No final da primeira metade do espect�culo, Cohen apresentou prolongadamente todos os m�sicos e f�-lo com imensa devo��o e admira��o fazendo recordar E�a de Queir�s na sua t�o c�lebre descri��o do pal�cio Ramalhete n`�Os Maias�.
Depois de um intervalo, uma segunda parte, mais din�mica e festiva, na qual foram interpretados os maiores sucessos de um Cohen agora sorridente. �Hallelujah� e �I`m your Man�, como esperado, foram recebidos em apoteose. Contudo, o tema �Boogie Street� destacou-se dos restantes, cantado pelas vozes sensuais e doces de Sharon Robinson e as sublimes Webb Sisters, um coro irrepreens�vel, com Cohen a cantar como segunda voz. Em Cohen, a paz perdura, subsiste ao tumulto das massas e tranquiliza-as. Dem�nios da juventude s�o aglutinados pela profundeza majestosa da sua voz, r� de uma sabedoria buc�lica.
Os encores ser�o recordados pelos solos de Roscoe Beck, director musical da banda e baixista, o �pastor� da precis�o Rafael Gayol, na bateria e percuss�o e ainda Neil Larson no fant�stico teclado Hammond B3. Incompreendida a permanente e cont�nua entrada e sa�da de pessoas no Pavilh�o Atl�ntico, reflexo talvez do h�bito de concertos muito mais curtos.
Quase quatro horas de concerto, composto por um equil�brio quase perfeito entre temas melanc�licos e prazenteiros, pautados por discursos imponentes e arrepiantes e alimentados, por uma banda que se nota escolhida a dedo e uma equipa de som que est� de parab�ns. J� h� muito tempo que o Pavilh�o Atl�ntico n�o se fazia ouvir t�o bem. Se o concerto podia ser melhor? N�o, n�o podia! Normal em concertos deste m�sico que sussurra, h� cerca de 40 anos, aos nossos ouvidos; �I`m Your man� com um esp�rito que revela ainda muito amor para dan�ar, como diz: �Dance Me to the End of Love�.



Leonard Cohen -10.09-10


Concertos que acabam com ovações de pé há muitos. Já concertos que começam assim, não se veem tantos. Mas foi isso mesmo que aconteceu ontem à noite quando, depois da entrada dos músicos em palco, recebidos com aplausos educados, a plateia do Pavilhão Atlântico rejubilou com a terceira "aparição" em três anos de Leonard Cohen em Portugal. Cohen, não é demais recordá-lo, completa 76 anos ainda este mês, mas provou ser capaz de resistir a três horas de "jogo jogado" - o concerto começou às 21h15 e acabou perto da 01h00, com um intervalo de cerca de 20 minutos pelo meio. Mais de 40 anos após o primeiro disco - Songs of Leonard Cohen , de 1967 - o canadiano atraiu à maior sala de Lisboa um público diverso: distribuídos por bancadas e plateia sentada contavam-se não só os mais finos trajes e penteados, como alguns orgulhosos detentores de visuais indie, góticos ou metaleiros (não esquecer que é de Leonard Cohen a canção "Sisters of Mercy"), numa multidão cujas idades, a olho nu, diríamos quedar-se entre os 30 e os 60 anos.

Aos 76 anos, dizíamos, o criador de "Hallelujah" não tem dificuldade em ajoelhar-se durante várias canções nem em protagonizar saltitantes regressos ao palco, entre encores ou após momentos entregues às suas três belíssimas cantoras de apoio (Sharon Robinson, que já compôs e gravou com Cohen, e as maviosas Webb Sisters, donas igualmente de uma carreira autónoma e que, na reta final do concerto, acompanharam "If It Be Your Will", colheita Cohen de 1979, com harpa e guitarra). Mas, num primeiro embate, é a voz, e não a agilidade física ou o sorriso matreiro, que impressiona em Leonard Cohen. Na sua oitava década de vida, a voz de "Bird on a Wire" reveste-se de uma solenidade e gravidade a fazer lembrar as rugas e gravilha dos derradeiros anos de Johnny Cash. O seu barítono rastejante começa por servir "Dance Me To The End of Love" ("Já me estou a arrepiar", avisou uma espetadora atrás de nós), que desde logo serviu de apresentação aos arranjos que estas canções envergam em 2010. Porventura graças à presença na banda do espanhol Javier Mas, alguns dos temas soaram vagamente mais mediterrânicos (a Mas cabe tocar bandúrria, instrumento da família do bandolim, e guitarra de 12 cordas). A "pedal steel" de Bob Metzger encarregou-se de instalar a a folk no coração do espetáculo, ao passo que o saxofone de Dino Soldo nem sempre soou suficientemente distante de uns anos 80 menos subtis, e os teclados de Neils Larsen pintalgaram o conjunto com garrida tinta soul/gospel. Estas foram as linguagens mais faladas na primeira parte do concerto, uma viagem serena com pontos altos em "Ain't No Cure For Love", "Bird on a Wire", "Everybody Knows", "Chelsea Hotel #2" ou "Anthem", entregue à segura e aplaudida Sharon Robinson.

Trajando, como habitualmente, fato escuro e chapéu, Cohen pareceu, ao longo da primeira parte, mais convincente quanto mais próximo da sua imagem de "cavalheiro das trevas", envolto num certo ascetismo evidente em "Everybody Knows" ou "Who By Fire". Esta ideia saiu reforçada com a segunda metade do espetáculo, cujo poderoso trio de abertura passou por "Tower of Song" - misteriosa, a flutuar entre os sintetizadores manuseados pelo próprio Cohen - "Suzanne" e "Sisters of Mercy". Por muitos e merecidos elogios que o artista tenha tecido aos seus músicos, vê-lo cantar qualquer uma destas músicas praticamente sozinho, ou com a banda em estado dormente, é ficar com a impressão de que Cohen, a sua voz e a sua aura seriam suficientes para encher e maravilhar o Pavilhão Atlântico. Mesmo que esqueçamos tudo o que sabemos sobre a sua aplicada estada num mosteiro zen, a verdade é que, do rigor com que, muitas vezes de olhos fechados, se atira a cada sílaba e balbucia cada palavra emana uma quase religiosidade que hipnotiza os presentes.

Depois, claro, há os clássicos que Leonard Cohen ofereceu ao mundo e o mundo agradeceu, absorveu e retribuiu ontem à noite - de "Hallelujah", uma das canções com mais versões no planeta e que no Atlântico bateu o recorde de telemóveis acesos na plateia, a "I'm Your Man", com o nosso homem a tirar marotamente o chapéu (um de muitos truques simples mas de eficácia garantida), passando por "So Long, Marianne" (a loucura e a celebração possíveis, com o público já de pé) e "Famous Blue Raincoat", com a fatal assinatura sussurrada ("Sincerely, Leonard Cohen") a arrebatar corações numa noite de quentes afetos. À beira destes pequenos grandes êxtases, nos quais se contam ainda os sorrisos trocados por ídolo e fãs em "First We Take Manhattan", a despedida ao som de "I Tried To Leave You" e "Heart With No Companion" acabou por servir mais para acalmar do que para exaltar os ânimos. Ao mesmo tempo, ficou provado o que já suspeitávamos: esta pode ter sido a terceira "volta de honra" de Leonard Cohen em Portugal, mas ninguém como este cavalheiro para colher os louros com tanta elegância e dignidade.

LEONARD COHEN NO PAVILHÃO ATLÂNTICO, 10 DE SETEMBRO DE 2010 - ALINHAMENTO

1. Dance Me To The End of Love
2. The Future
3. Ain't No Cure For Love
4. Bird on a Wire
5. Everybody Knows
6. In My Secret Life
7. Who By Fire
8. The Darkness
9. Born In Chains
10. Chelsea Hotel #2
11. Waiting For The Miracle
12. Anthem
(segunda parte)
13. Tower of Song
14. Suzanne
15. Sisters of Mercy
16. The Gypsy Wife
17. Feels So Good
18. The Partisan
19. Boogie Street
20. Hallelujah
21. I'm Your Man
22. Take This Waltz
Encores
23. So Long, Marianne
24. First We Take Manhattan
25. Famous Blue Raincoat
26. If It Be Your Will
27. Closing Time
28. I Tried To Leave You
29. Heart With No Companion

Texto de Lia Pereira



quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Recados

Se tivesse um top3 de coisas que não gosto, a omissão vinha em
segundo.
Não aquelas coisas que não se dizem porque a pessoa não tem nada a
ver com isso , com essas posso eu bem , até porque geralmente é
informação a mais.
O que me aborrece são aquelas coisas que me omitem porque acham que eu
vou ficar chateada - o que geralmente acontece !
Mas ainda assim, não tão chateada como quando descubro. Porque aí,
além de me irritar e de ser o suficiente para desligar telefones,
perco a confiança na pessoa.
E a confiança-essa- está no meu top 3 de coisas que eu gosto.

Gostava que a minha capacidade de entendimento não fosse subestimada.
Porque a vida existia antes de mim, e continuará depois de eu me ir.